O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS.

10 de setembro de 2007

Regresso ao Mundo

Ainda te lembras da vida sem televisão?
Ainda te lembras de não haver computadores?
Ou és da geração que já nasceu com o portátil colado ao berço e o telemóvel
ao ouvido?!

Hoje quero partilhar uma série de coincidências fenomenais. Simples mas...
vocês percebem....

Como já vem sendo costume de uns anos a esta parte, este ano voltei a fazer voluntariado na colónia balnear da cáritas diocesana de leiria.
Pensando, e bem, que poderia dar jeito o meu portátil, acabei por o levar com o meu apetrecho para a internet. Pois bem: não há rede de internet na casa amarela do pedrogão. PRIMEIRO CORTE.
Televisão?! Ui! O que é isso... Será que havia sinal de tv lá para aqueles lados? Só sei que nem tempo tive para comprovar tal facto. Quem seria suficientemente estúpido ao ponto de preferir ver sorrisos artificiais e beijos que não se sentem de cenas cortadas e recortadas das telelixonelas ao olhar irresistível de 70 crianças?! E quando falo de não ver televisão não me refiro só à ficção. Os serviços noticiosos passaram-nos ao lado. Houve sismos e incêndios, mortes e desaparecimentos, raptos e golos, e nós preocupados em «descobrir mais uma ilha e ganhar artefactos e "pupitas"».
SEGUNDO CORTE
E depois desaparece o telemóvel. Cinco dias sem acesso ao dito. Sem saber do
seu paradeiro, sem ter os contactos noutro local para poder telefonar doutro
telefone. TERCEIRO CORTE
Enfim... Isolamento parcial. Diria antes, isolamento tecnológico. E sabem a
melhor?! Foram os melhores 15 dias do meu ano!

Não é preciso fazer voluntariado, não é preciso nada de extraordinário. Experimentem LARGAR. Um dia. Depois dois. Três já dá para perceber o que eu digo. Não tem que ser radical. Basta um pequenino corte com o chamado «Mundo Real», e voltaremos a ser NÓS (mesmo que só por momentos)!

Obrigada por leres :D

15 de abril de 2007

EM CONSTRUÇÃO

ESTAMOS A MELHORAR ESTE BLOG PARA SI.
VISITE-NOS NOVAMENTE MAIS TARDE.

21 de março de 2007

O PROF. NÃO VEM?!

Não lhe contei pela razão mais infantil de todas. É como uma turma que está à porta da sala e o professor ainda não chegou. Está quase a tocar para feriado e todos esperam ansiosamente não ter aula. Mas ninguém ousa dizer a palavra FERIADO ou a perguntar se O PROF. NÃO VEM?! com receio que nesse mesmo momento ele apareça. Há uma certa crença de que isso aconteça. Basta uma só palavra… Isto para dizer que, há uma superstição que nos faz temer dizer o que se pensa, o que de mais intimo se deseja, pelo receio de que essa coisa não aconteça por o termos pronunciado em alta voz. Há muito que não reflectia sobre isto, mas assim de repente, acho que é uma superstição que só está associada de modo mais vincado a desejos positivos. Porque, pelo contrário, os pensamentos de conotação negativa (por exemplo, Ainda vou tropeçar em alguma coisa hoje! ou Vou levar sermão da minha mãe…) acabam por ser verbalizados. Estes são logo seguidos de «expressões de salvação», do género Livre-nos Deus, Cruzes Credo ou Isso nem se devia pensar. Na minha modesta opinião, acho que esta evidência se prende com o facto do Homem possuir uma maldade intrínseca (do mesmo modo que toda a gente vibra com as desgraças como o atentado às Torres Gémeas, mas que poucos o confessam). Este ao exprimir esses seus “receios” acaba por chamar a atenção do interlocutor provocando-lhe sentimentos de pena, piedade, preocupação…

Estava só a analisar os casos em que os pensamentos são expressos a uma segunda pessoa. Mas este caso dos pensamentos negativos / receios fez-me pensar porque os dizemos às vezes em voz alta de nós para nós mesmos. A única conclusão a que cheguei remete-me para a expressão de um outro sentimento: a culpa (e a desculpa). A partir do momento em que pronunciamos esses receios é como se assinalássemos solenemente a sua existência. E assim que eles se concretizam podemos ser vítimas de um dos dois sentimentos (ou de ambos). Um exemplo:

Após uma grande festa, deito-me tarde e no dia seguinte tenho aulas logo pela manhã. Ao deitar-me pronuncio: Amanhã ainda vou adormecer. E na manhã seguinte acabo por não acordar a tempo da aula. O que sinto?

- Culpa por ter adormecido, quando na noite anterior tenha concluído que não deveria adormecer

- Desculpa porque na noite anterior já tinha colocado como hipótese provável adormecer

Acho que, se este tipo de receios for somente pensado e não chegar a ser verbalizado, nós, na maioria das vezes, após a sua concretização, não assumimos como tendo colocado verdadeiramente essa hipótese. Claro que isto só se aplica aos casos em que não efectuamos uma reflexão aprofundada sobre o assunto, acabando mesmo assim por abranger grande parte das preocupações quotidianas.

E isto tudo para explicar porque não lhe contei a noticia. Porque no fundo quero acreditar que há uma hipótese mesmo que muito ligeira de ela se tornar realidade. E é por ser uma hipótese tão reduzida que até tenho receio de a escrever aqui e até de simplesmente a pensar, quanto mais de a contar a outra pessoa. Penso até que o problema não é contar só por contar, a questão é que com a argumentação para trás e para a frente, o assunto acaba por se desgastar – acaba por ser como pronunciar FERIADO em cima do 2º toque.

Porquê arriscar? Está quase a tocar… mais vale esperar…